Enquadramento
Urbano, periférico, plataforma em encosta de pendor suave, coberta de vegetação rasteira, sobranceira a uma linha de água afluente do Ribeira da Tanha. O santuário ocupa uma grande extensão de terreno, atravessando a aldeia do Assento.
Descrição
Santuário rupestre, conservando quatro rochedos nos quais estão cavados cavidades de formato rectangular, de diferentes tamanhos, e pias circulares, possuindo seis inscrições dedicadas a deuses indígenas, romanos e orientais. Quatro destas são consagradas por G. C. Calpurnius Rufinus, legatus iuridicus, sendo igualmente mencionados os Lapiteas, possivelmente os habitantes desta área, encontrando-se quatro destas inscrições num mesmo rochedo, situado na extremidade S. do santuário. São ainda visíveis em três rochedos os entalhes para o assentamento dos alicerces dos templos que se deverão ter erguido sobre estes, tipo de estruturas aliás referidas em duas inscrições, bem como orifícios circulares de possíveis gonzos de portas, possuindo o penedo da extremidade N. escadas para acesso à plataforma superior onde se encontram as estruturas. Este rochedo, com uma altura de c. de 3,5 m e em local que domina o conjunto da esplanada, tem a particularidade de apresentar uma disposição dos tanques que denuncia uma sobreposição de estruturas, num momento mais avançado da utilização do sítio.
Descrição Complementar
INSCRIÇÕES: Inscrições gravadas numa das rochas (segundo António Rodriguez Colmero); (1) leitura: DIIS CVM AEDE ET LACV M QVI VOTO MISCE TVR G. C. CALP. RVFI NVS V.C.; tradução: Aos Deuses, com o aedes e o tanque, a passagem subterrânea, que se junta por voto; (2) tradução: O esclarecido varão Caio Calpúrnio Rufino, filho de Caio, consagrou, junto com um lago e os mistérios, (um templo) ao mais alto Deus Serápis; (3) leitura: DIIS DEABVSQVE AE TERNVM LACVM OMNI BVSQVE NVMINIBVS ET LAPITEARVM CVM HOC TEMPLO SACRAVIT G. C. CALP. RVFINVS V. C. IN QVO HOSTIAE VOTO CREMANTUR; tradução: A todos os Deuses e Deusas, a todas as divindades, nomeadamente às do Lapiteas, dedicou este tanque eterno, com este templo, Gaius C. Calpurnius Rufinus, vão esclarecido, no qual se queimam vítimas por voto; (4) leitura: DIIS SEVERIS IRATIS HIC LOCATIS G. C. CALP. RVFINVS V. C.; tradução: Aos Deuses infernais irados que aqui moram, (dedicou) Gaius C. Calpurnius Rufinus, varão esclarecido.
Cronologia
Séc. 02 d.C., finais / 03 d.C., inícios - Provável construção, por ordem de Gaius C. Calpurnius Rufinus, membro da ordem senatorial e alto funcionário do governo provincial da região às ordens de Roma; séc. 18 - O Contador de Argote descreve as fragas de Panóias; segundo descrição o santuário era constituído por 11 rochedos; 1721 - relação da fregiesia de São Pedro de Vale de Nogueiras, feito pelo Reitor António Rodrigues de Aguiar, dando conta do património da freguesia, nomeadamente das fragas de Panóias; 1854 - o viajante inglês, W. Kinston menciona no relato da sua viagem as fragas; 1880 - Gabriel Pereira visita Panóias e examina as fragas, descrevendo-as e desenhando-as; séc. 19, finais - descoberta de uma inscrição funerária, actualmente depositada no Museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães; 1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92; 2002, Maio - abertura de concurso público pelo IPPAR para adjudicação da empreitada de remodelação de duas construções para instalações de apoio / centro interpretativo / recepção de visitantes no Santuário de Panóias, cujos trabalhos serão financiados por apios comunitários; 2004 - descoberta de duas inscrições aquando da demolição de dois casebres no perímetro do Santuário, numa fraga onde já existem algumas cavidades.