Um avivar das raizes

Um avivar das raizes

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Endovélico






Santuário do Endovélico
Localização: S. Miguel da Mota (Terena – Alandroal)
Descrição: Ruínas de um importante santuário de uma divindade pré-latina chamada Endovélico. O que sabemos hoje desta divindade resulta essencialmente de um conjunto de mais de oitenta inscrições latinas recolhidas ao longo de quatrocentos anos no local. O nome apresenta variantes, por vezes significativas – Endovelicus, Endovellicus, Indovelicus, Enobolicus, de significado ainda discutido.O seu culto teve uma aceitação extraordinária no período romano, verificando-se que entre os seus cultuantes se encontra uma grande diversidade de pessoas.
A riqueza do santuário manifesta-se na estatuária encontrada nas proximidades, entre elas fragmentos que alguns autores pretenderam identificar com representações da própria divindade. Encontram-se actualmente, em grande parte, no Museu Nacional de Arqueologia.
Escavações arqueológicas trouxeram à superfície 6 esculturas romanas, em mármore, consideradas uma raridade.
A D. Teotónio de Bragança devemos a primeira recolha epigráfica dai proveniente, remontando ao séc XVI. André de Resende, Frei Bernardo de Brito e posteriormente Leite de Vasconcellos e Scarlat Lambrino, mas também muitos autores se ocuparam do estudo desta divindade, sem dúvida um caso único, pela quantidade de testemunhos associados a um único santuário.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Milreu




Designação
Ruínas de Estoi / Ruínas de Milreu

Localização
Portugal, Faro, Faro, Estoi

Acesso
Junto à EN. 2 - 6, entre o sítio do Coiro da Burra e Estoi, junto ao nó de Faro da Via do Infante, a 9Km de Faro.

Protecção
MN, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910.

Enquadramento
Rural, isolado; o campo arqueológico situa-se atrás da ponte. A E. cemitério e estrada.

Descrição
Planta composta por casa senhorial, organizada em torno de pátio central, balneário a E., templo a S. e instalações agrárias. Pátio central com peristilo de 22 colunas. Termas com a sequência de apodyterium, frigidarium, com banheira circular, tepidário e caldearium, decorados com mosaicos, um deles figurando peixes de dimensões distorcidas. Ruínas do santuário aquático nínfeu com o podium e a cella que serviu na época paleocristã de igreja, como testemunha a presença de piscina baptismal e de um pequeno mausoléu no pátio, junto ao podium. Nas imediações encontra-se uma casa rural quinhentista.

Descrição Complementar
Não definido

Utilização Inicial
Residencial: villa romana / Religioso: igreja

Utilização Actual
Turística e cultural: estação arqueológica / Cultural: centro de acolhimento e interpretação / Cultural: sala de exposição permanente

Propriedade
Pública: estatal

Afectação
IPPAR, DL 106F/92, de 01 Junho

Época Construção
Séc. 1 / 3 / 4 / 18 / 21

Arquitecto | Construtor | Autor
Arq. Ditza Reis e Arq. Pedro Serra Alves ( centro de interpretação e acolhimento )

Cronologia
Séc. 1 - construção da villa; séc. 3 - 4 - remodelação da casa senhorial; edificação do templo e sua posterior adaptação ao culto cristão; Séc. 16 - construção Casa Rural; 1999 - incluido no Programa de Valorização e Divulgação Turística - Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve, do Ministério do Comércio e Turismo e da Secretaria de Estado da Cultura; 2001, 23 de Janeiro - Anúncio de concurso público para empreitada de recuperação da Casa Rural do Séc. 16, pelo IPPAR, publicado em Diário da República, 3ª série, nº 19; 2001 - construção do centro de acolhimento e interpretação sob projecto dos Arqs. Ditza Reis e Pedro Serra Alves; 2003, 19 Novembro - inauguração da Casa Rural e abertura da exposição permanente no Centro de Acolhimento.

Tipologia
Arquitectura agrícola romana, paleocristã. Ruínas de Villa romana composta por casa senhorial, organizada em redor de peristilo, instalações agrárias, balneário e templo, dedicado a divindades aquáticas, adaptado a igreja no período paleocristão.

Características Particulares
A monumentalidade dos seus vestígios constituindo-o como um dos sítios arqueológicos mais visitados de todo o Algarve. A distorção aplicada à figuração de peixes nos mosaicos de uma das banheiras do balneário, simulando a distorção óptica provocada pela água. O templo apresenta paralelos com o de São Cucufate ( v. 0214040001 ).

Dados Técnicos
Não definido

Materiais
Não definido

Bibliografia
VEIGA, S. P. M. Estácio da, A tábua de bronze de Aljustrel, Lisboa, 1880; BOTTO, C. Pereira, "Iconografia parcial das construções de Milreu", in O Archeologo Português, 1898, pp. 158 e segs., ROSA, J. Cunha e, Anais do Municipio da Faro, I, 1969.

Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR

Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSAHR-010/094-0031; IPPAR

Intervenção Realizada
IPPAR: 2001 - obras de recuperação da Casa Rural incluíndo trabalhos de construção civil e electricidade, escavação, conservação e restauro, construção de centro de acolhimento, apoio e interpretação.

Observações


Autor e Data
João Neto 1991

Actualização
Rosário Gordalina 2003


Pesquisa - www.monumentos.pt
Fotos - Google
Video - Autoria do Blog apartir das fotos de pesquisa
Musica - This Mortal Coil (Song to the siren)

terça-feira, 27 de julho de 2010

São Cucufate








O local onde se situa a villa de S. Cucufate inicia a sua longa e diversificada história com a ocupação do local a partir do Neolítico Final, tendo sido depois habitado por uma população pré-romana. A villa romana apresenta-se como o tipo clássico de propriedade de exploração intensa, exclusivamente orientada para o mercado. Em termos arqueológicos encontra-se articulada com as vias de comunicação e nas proximidades das cidades. Esta ainda pressupõe a existência de uma força de trabalho de cerca 10/12 pessoas de condição servil ou livre, mas não ligada ao proprietário. Assim em meados do século I d.C. deu-se lugar à construção de uma villa, de condições e dimensões ainda muito rústicas, mas que adivinhava já a implantação ou reconstrução de uma nova villa adaptada às necessidades arquitectónicas, estéticas e funcionais da época, ou seja do século II d.C., constituindo um dos poucos exemplares da Península Ibérica de Villae cum turris.
O edifício é abandonado aquando das grandes invasões bárbaras, e só volta a ser ocupado, mais tarde, por volta do século X d.C., pelas comunidades muçulmanas. Aquando da Reconquista Cristã, no século XII, é de novo abandonado pelos seus ocupantes, só voltando a ter vida no século XIII, onde se estabeleceu um convento, que permanece até ao século XVI e cujo santo padroeiro deu o nome ao edifício que é hoje S. Cucufate.
Apesar de ter sido evacuada provavelmente com a ameaça de ruir, a villa manteve a sua capela, cujo culto foi perpetuado até ao século XVIII.Monumento de altíssimo valor e extremamente bem conservado, a villa de S. Cucufate ficava situada na circunscrição administrativa de Pax Iulia, tendo esta cidade sido, provavelmente, a sua grande cliente no mercado de vinho, pão e de azeite, tendo este tipo de produção ficado atestado pela descoberta de grainhas de uvas perto de uns pesos de prensas, e pelo respectivo lagar.

Cronologia
Séc. 1 - construção de uma primeira "villa", de que subsistem as termas, seguindo o modelo das residências em torno de um perístilo; séc. 3 / 4 - construção da segunda "villa" romana; séc. 9 - data provável da fundação do convento, que se terá mantido até final do séc. 12, utilizando as instalações da "villa"; 1254 - criação da paróquia de São Cucufate, instalada no convento e entregue ao mosteiro de São Vicente de Fora; aos cónegos agostinhos de São Vicente sucedem-se, em data desconhecida, os frades de São Bento; séc. 17 - abandono do edifício pela comunidade monástica, tendo apenas permanecido um frade eremitão; apenas a capela continuou a servir, provavelmente até ao séc. 18; 2001 - arranjo paisagístico e construção centro de acolhimento e interpretação sob projecto dos Arqs. Franscisco Caldeira Cabral e Nuno Bruno Soares.

Tipologia
Arquitectura civil, arquitectura religiosa, romana. "Villa" com planta em "U" aberto, 2 pisos, constituindo o piso superior a zona residencial, com fachada principal porticada antecedida por terraço, acentuando a saliência dos 2 corpos laterais; fachada posterior antecedida por galeria. Integra-se no tipo das "villae" céltico-romanas, comum nas Gálias, Germânia e Britânia (Almeida, 1971). A S. da "villa" um templo formado por "cella" e ábside, idêntico ao de Milreu e da Quinta do Marim, outrora provavelmente ligado à "villa" por ala habitada ou por galeria porticada, que possivelmente também rodeava o templo. Do convento medieval resta a capela adaptada ao corpo lateral N., possívelmente das primeiras igrejas construídas na Lusitânia (Almeida, 1971)

Características Particulares
A villa romana supera em dimensões todas as "villae" romanas de Portugal, desconhecendo-se ainda a real extensão da "pars rustica", que se estenderia para S.. Ao contrário da restante arquitectura civil romana conhecida em Portugal, que se articula em torno de perístilos, esta "villa" desenvolve-se em altura, com um piso nobre suportado por galerias abobadadas e as fachadas principais porticadas flanqueadas por corpos salientes. Os paralelos mais próximos são as Villas romanas de Milreu, de Pisões e do Rabaçal.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Alcalar

Monumentos de Alcalar / Conjunto Pré-histórico de Alcalar




Localização
Portugal, Faro, Portimão, Mexilhoeira Grande

Acesso
Sítio de Alcalar, a 5 Km da Mexilhoeira Grande, junto à estrada de Alcalar - Casais que liga a EN 125 à Senhora de Verde.

Protecção
MN, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910

Enquadramento
Rural, num cabeço com naturais condições de defesa, em pleno barrocal algarvio.

Descrição
Povoado e necrópole constituida por vários sepulcros de corredor, denominados tholos, com câmara e corredor, alguns apresentando falsa cúpula, com nichos laterais, apresentando grande variedade de soluções arquitectónicas e técnicas de construção.

Descrição Complementar
Não definido

Utilização Inicial
Residencial e funerária: povoado e necrópole

Utilização Actual
Turística e Cultural: estação arqueológica / Cultural: centro de acolhimento e interpretação

Propriedade
Pública: estatal

Afectação
IPPAR

Época Construção
Calcolítico

Arquitecto | Construtor | Autor
Arq. João Santa Rita ( centro de acolhimento e interpretação )

Cronologia
2000 a.c. - 1600 a.c (Calcolítico); 1975 - o estado realiza a aquisição parcial do tholos nº7; 1982 - o Estado adquire o prédio rústico denominado Courela das Minas; 1990, década de - escavação do monumento no subsolo calcáreo do Monte de Canelas dá a conhecer a sua utilização como ossuário e vários rituais como enterramentos em posição fetal; 1998 - No âmbito do Programa de Salvaguarda e Valorização do Conjunto Pré-histórico de Alcalar, por Despacho nº18 364/98 (2ª série), publicado em DR nº 245 de 23 de Outubro, o Estado procede à expropriação do prédio rústico inscrito na matriz da freguesia da Mexilhoeira Grande sob o artigo 160, secção J; 1999 - no âmbito do mesmo programa, por Despacho nº 9109/99 (2ª série), publicado em DR nº 106 de 07 de Maio, o Estado declara a utilidade pública urgente da expropriação parcelar do prédio rústico inscrito na matriz da freguesia da Mexilhoeira Grande sob o artigo 161, secção J e autoriza o IPPAR a tomar posse adminstrativa do referido prédio; 2000, Outubro - inauguração Centro de Acolhimento e Interpretação dos Monumentos, construído pelo IPPAR ao abrigo do Programa de Salvaguarda e Valorização do Conjunto Pré-histórico de Alcalar.

Tipologia
Necrópole constituída por tholos apresentando grande variedade de soluções arquitectónicas e de técnicas de construção da câmara puramente megalítica à de falsa cúpula com nichos laterais.

Características Particulares
Pela sua monumentalidade e estado de conservação, o tholos nº7 constitui exemplar de inegável interesse histórico-cultural e científico. A riqueza do espólio votivo.

Dados Técnicos
Não definido

Materiais
Não definido

Bibliografia


Documentação Gráfica
Não definido

Documentação Fotográfica
Não definido

Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN / DSARH

Intervenção Realizada
1976 - colocação vedação protectora; 1982 - reparação da vedação; IPPAR: DRF: 1998 - restauro da mamoa, da galeria de acesso do thlos nº7, recomposição do cairn, drenagem e protecção adequadas; estudo geotécnico; 2000 - construção centro de acolhimento e interpretação.

domingo, 25 de julho de 2010

Castro de Cola / Cidade de Marrachique





Designação
Castro de Cola / Cidade de Marrachique

Localização
Portugal, Beja, Ourique, Ourique

Acesso
A 12 km a S. de Ourique, 6 km a S. da Aldeia de Palheiros. WGS84: lat.37º34'43,5''N., long.8º18'01.14''O.

Protecção
MN, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910, ZEP, Port. nº 589/97, DR 178, 2ª Série, de 4 Agosto 1997

Enquadramento
Rural, colina. Ocupa a crista de um monte, com 201 m. de cota máxima, junto da Ribeira do Marchicão e próximo do Rio Mira. O cerro, com um desnível de 70 m. em relação ao rio Mira, é protegido por restos de fortificações secundárias, uma cerca a SO., outra mais extensa a NE., o Pedacinho de Parede e ainda por 2 cercas defendendo os meandros do rio Mira, com 1159 e 600 m. de dimensão. Nas proximidades existe a Igreja de Nossa Senhora da Cola (v. PT040212030017) onde anualmente se realiza uma romaria. O circuito arqueológico desenvolve-se numa área de c. de 15Km integrando 23 estações arqueológicas, do Neolítico à Idade Média, do qual se destacam o povoado calcolítico do Cortadouro, os monumentos megalíticos Fernão Vaz I e II e o Tholos da Nora Velha, as necrópoles do Porto de Lages, da Idade do Bronze, e do Pego da Sobreira e de Fernão Vaz, da Idade do Ferro.

Descrição
Panos de muralha esboroados, formando um polígono irregular alongado com 125 m. de comprimento por 60m de largura máxima, com 2,4 m. de espessura média, atingindo nalguns pontos entre 5 e 6 m altura. Cubelos quadrangulares desiguais reforçam a muralha em todo o seu perímetro. Porta rasgada na parede S., defendida por torre de maiores dimensões e parede mais espessa. Uma muralha espessa divide o recinto muralhado em 2 zonas, a menor do lado S.; aí encontra-se uma cisterna cavada na rocha (3,79 x 2,70 x 2,20 m.), de abóbada semicilíndrica e bocal quadrado. Sobre ela restos de um pavimento em formigão. Vestígios de casas de planta quadrangular.

Descrição Complementar
Não definido

Utilização Inicial
Militar: castro / Residencial: castro

Utilização Actual
Marco histórico-cultural

Propriedade
Não definido

Afectação
DRC Alentejo, Portaria nº 829/2009, DR, 2ª. Série, nº 163 de 24 de Agosto de 2009

Época Construção
Pré-História / Idade Média

Arquitecto | Construtor | Autor
Arq. Sofia Salema ( centro de acolhimento e interpretação )

Cronologia
Idade do Bronze, inícios - início da ocupação; reforço das obras de fortificação durante o período de ocupação árabe; Séc. 14 - abandono do povoado segundo Abel Viana; Séc. 15 - 16 - abandono do povoado segundo Rosa Varela Gomes; 1999 - incluido no Programa de Valorização e Divulgação Turística - Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve, do Ministério do Comércio e Turismo e da Secretaria de Estado da Cultura; 1999 - 2000 - obras de adaptação do edifício de arquitectura popular a centro de acolhimento e interpretação, projecto da Arq. Sofia Salema.

Tipologia
Castro com castelo de planta poligonal, paredes espessas reforçadas por cubelos, entrada direita defendida por torre. O dispositivo defensivo completava-se por cercas muralhadas, de que existem ainda vestígios, implantadas nos cerros vizinhos protegendo o castelo e os acidentes geográficos circundantes *1.

Características Particulares
Integra-se no parque arqueológico do Castro da Cola constituído por vários monumentos megalíticos, povoados calcolíticos e necrópoles das Idades do Bronze e do Ferro.

Dados Técnicos
Paredes autoportantes

Materiais
Alvenaria insossa, lajes de xisto. As muralhas são formadas por 2 paredes paralelas, com entulho e pedras a meio. Aparelho espinhado nos muros das habitações.

Bibliografia
PEREIRA, Gabriel, Notas d'Archeologia, Évora, 1879; VASCONCELOS, José Leite de, Excursões pelo Baixo Alentejo - 1897, in O Archeólogo Português, 29, 1933; VIANA, Abel, Notas Históricas, Arqueológicas e Etnográficas do Baixo Alentejo, Arquivo de Beja, vol. XV, 1959, vol. XVI, 1960; GOMES, Rosa Varela, A arqueologia militar muçulmana, in História das Fortificações Portuguesas no Mundo, Lisboa, 1989.

Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada
1960 - realização de escavações e de trabalhos de consolidação por Abel Viana; 1961 - consolidação da muralha voltada a SE.; 1962 - escavação e consolidação do lado N. do Castelo; 1963 - continuação das escavações sob direcção de Abel Viana; IPPAR: 1999 - 2000 - obras de adaptação do edifício de arquitectura popular a centro de acolhimento de interpretação; IPPAR: DRE: 2001- escavações arqueológicas.

Observações
*1 - a fortificação controlava uma das principais vias de passagem para o Algarve; do espólio fazem parte objectos pré e proto-históricos: machados de pedra polida, fragmentos de vasilhas da I. do Ferro, cerâmica campaniense, contas de vidro, conta de ouro, agulha em osso, braceletes em bronze, mós, percutores, esferóides; objectos históricos: cerâmica romano-visigótica, árabe e portuguesa medieval, objectos em metal (fusos, cossoiros, fivelas, chaves, argolas, etc.), objectos em pedra (mós, esferóides de arremesso, percutores), pedras lavradas romanas e visigóticas, lápides árabes, moedas, lucernas.

Autor e Data
Isabel Mendonça 1994


Circuito Arqueológico Castro da Cola

O circuito arqueológico do Castro da Cola surgiu como corolário de extensos trabalhos de investigação que, no entanto, estão ainda longe de possibilitar o conhecimento total da realidade arqueológica do concelho de Ourique.
A ideia da sua criação partiu do desejo de mostrar como a paisagem, na aparência agreste, foi, desde épocas recuadas, profundamente marcada pelo Homem. A selecção dos locais foi ditada, não pela monumentalidade dos sítios, mas de modo a contribuir para a diversidade – morfológica, funcional e cronológica – para o desvendar de uma paisagem organizada em torno de um fio condutor – o rio Mira – que funcionou, desde sempre, como o elemento aglutinante das populações deste território.
Dos cerca de trinta sítios conhecidos na região foi seleccionado um conjunto de quinze que, pelo seu estado de conservação e inserção na paisagem, reuniam as melhores condições para uma apresentação ao público: monumentos megalíticos de Fernão Vaz 1, Fernão Vaz 2 e Nora Velha, povoado calcolítico do Cortadouro, necrópoles da Idade do Bronze de Alcaria 1 e Alcaria 2 e Atalaia, povoados da Idade do Ferro de Porto das Lages e Fernão Vaz, necrópoles e monumentos funerários da Idade do Ferro de Fernão Vaz, Nora Velha 2, Vaga da Cascalheira, Casarão e Pego da Sobreira e povoado fortificado islâmico e medieval cristão da Cola (Castro da Cola).
As acções em curso tendentes a criar as referidas condições de apresentação pública dos Sítios passam pela construção de um Centro Interpretativo e de Acolhimento, junto ao Castro da Cola, sinalização (dos acessos e dos sítios), escavações arqueológicas, acções de conservação e restauro e produção de documentação de apoio ao visitante.


Acolhimento de Visitantes

Centro de Acolhimento e Interpretação, onde se disponibiliza informação sobre o circuito, o seu enquadramento natural e os diferentes sítios arqueológicos seleccionados


Loja

Publicações de apoio aos visitantes, materiais de divulgação.


Estacionamento de ligeiros e autocarros

A partir do Centro de Acolhimento e Interpretação, os visitantes poderão aceder, de automóvel, aos diferentes sítios, apoiando-se nas indicações da sinalética instalada; parte do circuito apenas poderá ser realizado em veículo todo-o-terreno, enquanto que outros troços terão de ser efectuados a pé .
O circuito integra-se num contexto natural de admirável riqueza e interesse paisagísticos, só se tornando possível pela colaboração dos respectivos proprietários; ao efectuar a sua visita tenha esse facto em conta, respeitando-o e contribuindo para a sua limpeza, manutenção e salvaguarda.

Pesquisa
http://aldeia-de-palheiros.blogspot.com/2007/11/castro-da-cola.html
http://www.monumentos.pt/Monumentos/forms/002_B2.aspx?CoHa=2_B1
Video-Blog

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Caretos de Podence




ENERGIA INESGOTÁVEL DOS CARETOS


Despedem o Inverno e saúdam a Primavera, para os caretos o Carnaval é um ritual entre o pagão e o religioso, tão natural como a passagem do tempo e a renovação das estações. Em Podence, concelho de Macedo de Cavaleiros, todos os anos é assim. Chegado o mês de Fevereiro, os homens envergam os trajes coloridos (elaborados com colchas franjadas de lã ou de linho, em teares caseiros) escondem a cabeça entre duas máscaras de lata, prendem uma enfiada de chocalhos à cintura e bandoleiras de campainhas e despendem toda a energia do mundo para assinalar o calor e os dias maiores que se prestem a chegar. Normalmente, contam com os favores do Sol, magnânimo para quem louva o seu reino com tanto fervor. Religioso também pois assim se marca,com os últimos estertores da folia o início da Quaresma. Período de calma, reflexão e contenção do calendário religioso. A cansar no Carnaval para acalmar até á Páscoa.
Dizem fontes que a festa de Podence se imerge no domínio dos tempos até às antigas Saturnais romanas – celebração em honra de Saturno, Deus das sementeiras. Procura-se acalmar a ira dos Céus e garantir favores de uma boa colheita. Nesses tempos idos da agricultura de subsistência, a diferença entre a vida e a morte quase se cingia à dimensão da lavra. E a dupla máscara acentua a relação, ao lembrar uma das duas importantes divindades romanas: Jano Deus do passado e do futuro e também do presente, senhor dos portões e entrada, da guerra e da paz e dono de todos os princípios. O filho de Apolo, que um dia partilhou o trono com Saturno e conjuntamente civilizaram os habitantes de Itália, levando-os a tal prosperidade que ao reinado chamaram Era de Ouro.È geralmente representado com duas caras por ser do passado e do futuro, e principalmente, por ser símbolo do SOL , que aparece de manhã e se esconde á noite. Passados á parte, em Podence ainda hoje a agricultura é a principal actividade da população. Da terra se extrai cereais e castanhas, embora nos últimos anos, tenha aumentado a produção de azeite. A aldeia de Podence parece ter força suficiente para manter tradição e garantir a vida a estas figuras, recheados de homens endemoninhados, armados de chocalhos e rédea solta para as tropelias. Mesmos, explicam os mais velhos, o tempo tenha brandado a folganças e as moças da terra já não sintam tantas nódoas no corpo. Melhor que nada pois nos anos 70, esteve a tradição por perder-se, à conta dos últimos anos de ditadura e do fenómeno da emigração. Recuperada uma década mais tarde, quando com alguma prosperidade pode respirar um pouco o interior, que abraçou também o regresso de alguns dos que tinham ido á aventura. Hoje serão quarenta dezenas os homens com fatos de Carreto e energia para invadir a praça na aldeia domingo e terça feira de Entrudo. E o futuro está garantido por há muitos Facanitos (crianças com fatos idênticos aos mais velhos) prontos a tomar o testemunho. Os outros aquelas que não podem evergar fatiota, abrem as adegas para dessedentar os folgazões. A imunidade conferida pela máscara, permite aos caretos mergulhar nos excessos. Sendo as mulheres solteiras as vítimas preferencias. Encostam-se a elas e ensaiam estranhas danças com conteúdo erótico, agitando a cintura e batendo com os chocalhos nas ancas das vítimas que, para bem do corpo acompanham a dança. Dança com o nome chocalhar. Entre o barulho festivo, a risota e o alarido lembram-se outros tempos em que as mulheres se escondiam em casa pois os foliões iam muito para além dos chocalhos, lançando cinza e dejectos e fustigando as incautas com pele de coelho seca ou bexiga de porco fumada. Para não falar no banho de formigas, broma pesada e cruel com espécimens selvagens recolhidos nos campos durante meses. Também as casas eram invadidas e panela ao lume era panela condenada a verter o conteúdo para mal da barriga dos infelizes. Ao careto mau diabo á solta pelas ruas de Podence, querem-no vivo em cada Fevereiro, mesmo que á conta disso não possam dormir descansadas as moçoilas da aldeia de Podence.
Porém com a internacionalização dos últimos anos, tal parece impossível. Realmente desde as Jornadas de Cultural de Popular da Academia de Coimbra em 1985, importantes para o reavivar da tradição, até aos dias de hoje , os Caretos transmontanos percorrem um lento caminho que os levou de Norte a Sul do país, afigurar na Capa de Cd da Brigada de Victor Jara e até ultrapassar fronteiras para actuar na Disneyland Paris, Carnaval de Nice e Carnaval em Itália.
Adaptados ou não a tempos de mais brandos costumes o Carnaval de Podence mantém o clima fantástico de antes. Sedutores e misteriosos, os Caretos guardam a magia dos tempos em que as histórias junto á lareira franqueavam a entrada em mundos de sonho. A eles tudo se permite; o anonimato dá-lhes prerrogativas : dá-lhes poder. Por dois dias no ano os homens são crianças e quem mais brinca mais poder tem.


TRAJES

Os caretos usam máscaras rudimentares, onde sobressai o nariz pontiagudo, feitas de couro, madeira ou de vulgar latão, pintadas de vermelho, preto, amarelo, ou verde. A cor é também um dos atributos mais visíveis das suas vestes: fatos de colchas franjados de lã vermelha, verde e amarela, com enfiadas de chocalhos à cintura e bandoleiras com campainhas. Da sua indumentária, faz também parte um pau que os apoia nas correrias e saltos. A rusticidade do ambiente é indissociável desta figura misteriosa.


RITUAIS

Mergulhando na raiz profana e carnal, o verdadeiro motivo que move o careto é apanhar raparigas para as poder chocalhar. Sempre que se vislumbra um rabo de saia, o careto é impelido pelo seu vigor.

Ao CARETO tudo se permite nesses dias, pois ele assume uma dupla personalidade. O indivíduo ao vestir o fato torna-se misterioso e o seu comportamento muda completamente, ficado possuindo de uma energia transcendental. Existe algo de mágico e de forças sobrenaturais ocultas em todo este ritual de festa que atribui a estas personagens prerrogativas a imunidade interditas a outros mortais. A antiguidade e originalidade desta tradição, cheia de cor e som e a vontade das gentes de Podence, em preservar estas figuras, fizeram dos caretos personagens famosas para lá dos limites da aldeia e são cada vez mais frequentes os convites a este grupo etnográfico para deslocações a vários pontos do país e do estrangeiro.
Em Podence, nos dias de Carnaval, os caretos surgem em magotes, de todos os sítios, percorrendo a aldeia em correrias desenfreadas, num clima fantástico e fascinante, pleno de sedução e mistério. Ninguém lhes consegue ficar indiferente, aqueles que não se vestirem de careto abrem as suas adegas aos passantes.
As crianças de sexo masculino, os facanitos perseguem os caretos tentando imitá-los, as raparigas solteiras, são o principal alvo dos mascarados, admiram-nos das janelas ou varandas das suas casas, com um certo receio de que o entusiasmo dos caretos os leve a trepar para as poderem chocalhar.


CARNAVAL NO NORDESTE


Tradição e significado

António A. Pinelo Tiza

O Carnaval dos nossos dias, urbano ou rural, remonta na sua origem às antigas festas da Natureza, "de fundo agrário" (1), as Saturnais romanas e as Lupercais celebradas em honra de Pan, o deus dos rebanhos. A expressão popular "é Carnaval, ninguém leva a mal" encontra o seu fundamento nos rituais licenciosos próprios destas festividades, uma licenciosidade autorizada que, a par de outros rituais expurgatórios, constitui ainda hoje a sua principal característica. A destruição pelo fogo de figuras alusivas ao passado (tudo o que é velho), o julgamento e queima, em cerimónia pública, do Entrudo, do velho e de outras figuras míticas, o castigo que os mascarados infligem às mulheres que se atrevem, nesse dia, a sair à rua, a serra da velha, as "chocalhadas", como rito regenerador e fecundante que os espalhafatosos caretos aplicam às mulheres e a crítica social expressa na publicação e encenação dos "casamentos" burlescos e ridicularizantes dos jovens "casadoiros" são rituais expurgatórios deste período de passagem que é o fim do Inverno e a entrada na Primavera. Rituais ainda vigentes, um pouco por todo o lado no Nordeste Transmontano.
Recuando no tempo, podemos encontrar as origens do Entrudo nas antigas festas Lupercais, celebradas na antiga Roma, em meados de Fevereiro, em honra do deus Pan, protector dos pastores e dos rebanhos. Como em qualquer festa digna desta nome, eram permitidos aos festejeiros todos os excessos, no uso e abuso da comida e da bebida e na fuga às normas e comportamentos socialmente instituídos, organizando-se, para tal, em sociedades secretas. As anomias eram praticadas e assumidas pelos próprios sacerdotes, constituindo verdadeiros rituais de apelo à fecundidade, no momento mais propício do ciclo da Natureza, a aproximação do seu rejuvenescimento, a entrada na Primavera. Era também o momento da purificação e expurgação das pessoas e das comunidades, o que se processava pelos rituais de crítica social institucionalizada e a sua divulgação na praça pública.
Apesar da "cristianização" que todas estas práticas festivas sofreram ao longo de dois milénios, podemos entender ser ainda hoje esse mesmo o sentido a dar aos rituais carnavalescos que se podem constatar em algumas localidades do Nordeste desenrolados no Domingo Gordo, Carnaval, Quarta-feira de Cinzas e mais adiante no tempo, a meio da Quaresma.


A crítica social

A crítica social institucionalizada acontece em dois momentos festivos do ciclo do Inverno: nas festas solsticiais do Natal, Ano Novo e Reis e no período de Carnaval. Esta última, que vamos referir, aparece sob a forma de "casamentos" que, apesar de ter sucumbido em muitas localidades, subsiste ainda em outras tantas terras de toda a região bragançana.

Em terras de Mogadouro, os "casamentos" são tornados públicos no próprio dia de Carnaval; "turrear" quer dizer publicar um casamanto, os noivos, os padrinhos, os dotes... Toda a crítica social está contida na forma como o cerimonial se desenrola; os anunciantes escolhem determinados pontos estratégicos para poderem ser claramente entendidos e aproveitam a escuridão da noite para não serem identificados; estão assim à vontade para explorar os pontos sensíveis das pessoas que desejam invectivar, achincalhando-as com a atribuição do respectivo noivo ou noiva, padrinho ou dotes que contraria as suas já conhecidas aspirações ou ridiculamente os contempla.
A público vêm também os "contratos de casamento" em Podence, no Domingo Gordo, ao cair da noite. Aqui os anunciantes assumem o papel de sacerdotes que, acompanhados de numerosa turba de acólitos, se colocam em pontos elevados da aldeia, os dois pilares dos portões do adro da igreja, para aí anunciarem os "casamentos" de todos os solteiros da terra. São estes os visados pela censura. A sua voz é amplificada pelos embudes (grandes funis usados para verter o vinho para as pipas) que, ao mesmo tempo, a distorcem para impedir a identidade dos proclamadores.
Esta acção satírica assume características de natureza social onde o "casamento" funciona mais como um pretexto para se poder dar livre curso à crítica do que como um fim a alcançar com a encenação, isto é, a aproximação dos proclamados noivos. Esta nunca se verifica pelo ridículo que o "casal" anunciado envolve. O importante é que se possa falar de tudo e de todos, num ambiente de permissiva licenciosidade, em que tudo é permitido e consentido. Estaremos perante um momento de escape e de purificação social que a comunidade conserva como absolutamente necessário à sua boa saúde social.


"Palhas, alhas leva-as o vento!
Oh, oh, oh...
Aqui se vai formar e ordenar um casamento.
Oh, oh, oh...
E quem é que nós havemos de casar?
Tu o dirás.
Há-de ser a Maria rita que mora no bairro do Castelo.
Oh, oh, oh...
E quem é que nós havemos de dar para marido?
Tu o dirás.
Há-de ser o João da Rua que mora lá em baixo no Porto.
Oh, oh, oh...
E que nós havemos de dar de dote a ela?
Tu o dirás.
Há-de ser uma máquina de costura
porque ela é uma boa costureira.
E que é que nós havemos de dar de dote a ele?
Tu o dirás.
Há-de ser uma terra ao Souto
para que não saia um de cima do outro
enquanto for Inverno.


Toda esta permissividade no dizer e na liberdade de tudo expressar surge naturalmente enquadrada no contexto geral das festas solsticiais, as antigas Bacanais e do Carnaval, as Saturnais, em que as anomias se estendem a todos os outros comportamentos individuais e sociais, desde os excessos de comida e bebida até às danças, rondas, galhofas e pandorcadas.
São momentos que podem ser considerados de escape ou de válvula em que publicamente tudo e a todos se pode dizer sem que qualquer sanção daí resulte e sem que os visados possam levar a mal tais palavras, gestos ou atitudes.


A função das máscaras

O mascarado que nesta região sai à rua nas festas solsticiais do Inverno e no período de Carnaval, assume hoje funções meramente profanas, bem distintas das que estão na origem do seu aparecimento. Sendo na Antiguidade um elemento de ligação entre os vivos e os mortos, entre o homem e a divindade, o mascarado parece hoje desempenhar, de forma inconsciente, as mesmas funções mas, aos olhos do povo, representa o diabo e conscientemente se assume como tal nos gesto e atitudes que toma.


Qualquer momento de passagem é crítico para a comunidade que o vive. O carnaval situa-se no momento de passagem do Inverno para a Primevara ou de um ano a outro (segundo o antigo calendário gregoriano o ano começava em Março). Logo, o Carnaval corresponde a um momento crítico para as sociedades agrárias. A presença do mascarado justifica-se assim e a sua acção relaciona-se com a preparação para essa passagem, através do desempenho das suas funções sagradas: purificação das comunidades, pela crítica social; o culto da Natureza, pelas suas atitudes licenciosas relacionadas com o apelo à fecundidade; o culto dos mortos e da divindade com a transformação de uma pessoa humana num ser com poderes que estão acima das normas sociais instituídas.
Por isso, o mascarado activo transforma-se num ser superior, gozando de uma força e liberdade sem paralelo; coloca-se acima de toda a lei humana e, como se se tratasse de um ente sagrado, mas possuído pelo diabo, se liberta de todos os entraves e dá largas às suas faculdades de destruir e de castigar, de troçar e de acariciar, de dançar e de gritar, a seu bel prazer.
Os mascarados de Podence enquadram-se nestas funções: expurgatórias por um lado, ao castigar os elementos da comunidade com as suas "chocalhadas" vioelntas e, por outro lado, propiciatórias, ao tomarem atitudes licenciosas para com as mulheres, outrora consideradas fecundantes, num apelo à fertilidade da Mãe-Natureza, no início do novo ciclo de vida.
O mesmo se poderá entender das funções dos "diabos" que, em Bragança e Vinhais, saem à rua, no dia seguinte ao Carnaval, a Quarta-feira de Cinzas. As atitudes castigadoras que tomam são relacionadas pelo Abade de Baçal "nas Festas Lupercais celebradas pelos sacerdotes de Pan a 15 de Fevereiro, que despidos, tapando apenas as partes genitais com uma tira de pele caprina, recentemente imolada e tinta de sangue, percorriam as ruas, batendo com um chicote em quantos encontravam, principalmente nas mulheres, que julgavam fecundar com estas pancadas" (2). O P. Firmino Martins parece comungar desta mesma tese e confirma as raízes pagãs destes rituais: "Que eram as agonales, as lupercales (...) essa infinidade de festas festas em honra dos deuses protectores dos campos, dos trabalhos, das sementes, dos frutos, intempéries, doenças, dos lares, dos actos de casamento, da guerra, da morte? o sacrifício de pessoas, animais e alimentos? " (3).
A reprodução da vida humana nas suas diferentes fases fundamentais, sobretudo os rituais de maior impacto social é outra das funções dos mascarados, tanto no Solstício do Inverno como no Carnaval. Iso mesmo pode ser observado nas representações teatrais da crítica social da festa dos rapazes de Varge, na encenação do julgamento do entrudo de Santulhão ou nas "cerimónias" dos casamentos de Podence. Em qualquer dos exemplos sugeridos toda a vida da comunidade rural é manifesta, tanto nos utensílios e adereços utilizados como nos significados das mensagens contidas nos rituais.


Notas
(1) Benjamim Pereira, Máscaras Portuguesas, Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1973, pp. 120.
(2) Francisco Manuel Alves, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Tomo IX, pp. 301.
(3) Padre Firmino Martins, Folklore do Concelho de Vinhais, 2º vol., pp. 130.


Links de pesquisa
http://conistorgis.blogspot.com/
http://caretosdepodence.no.sapo.pt/

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Citânia de Briteiros




Designação
Citânia de Briteiros

Localização
Portugal, Braga, Guimarães, Briteiros (Salvador)

Acesso
EN 101 (Guimarães - Braga), EN 310 (para Póvoa de Lanhoso), EM para S. Salvador de Briteiros, EM para o Monte de São Romão ou da Citânia

Protecção
MN, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910

Enquadramento
Rural. Situa-se no topo de uma elevação destacada no sopé da qual se encontra o lug. de S. Salvador de Briteiros.

Descrição
Povoado fortificado com quatro linhas de muralhas e de planta aproximadamente oval, de grande dimensão. A área da plataforma central, que tem cerca de 250 x 150 m, organiza-se segundo dois eixos principais. Outras ruas, transversais aquelas, dividem o povoado em quarteirões, nos quais se agrupam casas, de planta circular e rectangular. Entre a 2ª e a 3ª linha defensiva, do lado S, localiza-se um Monumento com forno.

Utilização Inicial
Militar / residencial. Povoado fortificado

Utilização Actual
Marco Histórico-cultural / Turística

Cronologia
Séc. 1 / 2 a.C. - Provável ocupação do local; séc. 1 d.C. - romanização da citânia; 1875 - início das escavações no local, levadas a cabo por Martins Sarmento; 2006 - a Sociedade Martins Sarmento propõe-se criar uma quinta biológica proto-histórica, junto à citânia, de modo a revitalizar o local.

Tipologia
Povoado fortificado proto-histórico de grande dimensão romanizado.

Características Particulares
A Citânia de Briteiros é o mais emblemático conjunto arqueológico da cultura castreja do Norte Peninsular e o mais extensamente escavado em Portugal. Juntamente com Sanfins, é um dos lugares onde se pode formar melhor ideia da Cultura Castreja do Noroeste de Portugal.

Intervenção Realizada
1875 - Escavações arqueológicas iniciadas por Martins Sarmento e depois continuadas regularmente pela Sociedade Martins Sarmento, Guimarães; 1956 - escavação e recolha de objectos de interesse arqueológico; 1957 - trabalhos de escavação e recolha de objectos de interesse arqueológico; 1958 / 1959 / 1960 / 1961 / 1964 / 1968 - escavação e recolha de objectos de interesse arqueológico; 1962 - continuação das pesquisas Arqueológicas, pelos Serviços de Conservação; 1974 - obras de conservação e limpeza; execução de trabalhos diversos; 1975 - obras de conservação e limpeza; 1977 - conservação e limpeza; 1977 / 1978 - intervenção arqueológica da responsabilidade de Armando Coelho Ferreira da Silva e Rui Centeno da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; UAUM / Sociedade Martins Sarmento - 2006, Julho - realização de de trabalhos de escavação e sondagens arqueológicas orientados pelo arqueólogo Francisco Sande Lemos; são postas a descoberto estratos correspondentes a uma ocupação humana anterior à reorganização do espaço urbano; Outubro / Novembro - trabalhos de escavação põem a descoberto um segundo balneário próximo da EN 306.



Cultura Castreja do Noroeste

No noroeste da peninsula Iberica desenvolveu-se, antes da chegada dos Romanos (provavelmente entre o sec. VIII e sec. III/II AC), uma cultura castreja de origem Celta com caracteristicas especiais que as distinguem das demais regiões Ibericas aonde apesar de haver tambem nucleos Castrejos, estes não tem a densidade e as caracteristicas dos castros da cultura do noroeste peninsular, de notar que ainda hoje a zona de implantação desta cultura corresponde as zonas de maior densidade populacional da peninsula Iberica, a zona de implantação desta cultura vai desde o norte da Galiza, parte das Asturias ate mais ou menos a linha do Douro zona tambem corresponde a antiga provincia Romana da Gallaecia assim denominada em Latim apos a conquista Romana começada com Decios Junus Brutus, enviado por Roma para conquistar esta e outras zonas da peninsula para o seu império, o nome Romano de Gallaécia corresponde e é a Latinização da palavra Grega da antiguidade que denominava estes povos que era Kallaikoi (castrejos em Galaicoportuguês), todos estes nomes se encontram registados nos escritos da antiguidade e as campanhas de Brutus foram essenciais no estudo destes povos actualmente.
De acordo com registos da antiguidade a tribo Gallaeci dividia-se em tres tribos principais; os Artabi na actual Galiza, os Grovi no actual norte de Portugal ate mais ou menos a margem norte do Douro, os Asturi em parte das actuais asturias.
Actualmente varias teorias circulam sobre estes povos, uma corrente aponta esta zona como sendo o berço de toda a cultura Celta Europeia outra corrente aponta como sendo apenas uma zona de expanção da cultura Celta antiga, o que actualmente importa é manter o legado comum aos dois paises que ocupam esta peninsula e que é no fundo o passado de todos nos, ou seja, antes de Roma ca chegar ja ca havia civilização e tinha cunho proprio.
Em ambos os paises o numero de Castros ultrapassam as centenas, uns maiores, ja verdadeiras cidades, e outros menores, alguns sofreram depois a Romanização servindo de base em alguns casos para a construção de cidades Romanas e outros sobreviveram ate a alta idade média inclusive, em Portugal os melhores e maiores são: Citânia de Santa Luzia, Citânia de Briteiros, Citânia de Sanfins, Citânia de Terroso, Castro do Monte Padrão entre outros, tenho fotos de alguns mas não tenho de todos como é logico.
Destes Castros dois estão em zonas urbanas de grandes areas populacionais, a Citânia de Santa Luzia em Viana do Castelo e a Citânia de terroso em Povoa de Varzim, cidade pertencente ao grande Porto.


Fonte

IHRU - Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana

Video

Autoria do blog

Musica
Sangre Cavallum - Bailadouro (http://www.sangrecavallum.com/)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Galandum Galundaina



Galandum Galundaina é um grupo de música tradicional mirandesa criado em 1996 com o objectivo de recolher, investigar e divulgar o património musical, as danças e a língua das terras de Miranda (mirandês). O grupo faz a ligação entre a antiga geração de músicos e a geração mais jovem, assegurando a continuidade da rica tradição cultural desta região, que durante anos correu o risco de se perder.
Os instrumentos usados, réplicas de outros muito antigos, que mantêm o aspecto e sonoridade dos mesmos, são gaitas de fole mirandesas, flauta pastoril, sanfona, caixa de guerra, conchas de Santiago, castanholas, pandeireta.
Além da música instrumental, o grupo apresenta um repertório de música com vozes, reproduzindo fielmente as melodias tradicionais, enriquecidas com timbres, ritmos e harmonias capazes de criar emoção e, porque não, alguma modernidade.
Os elementos do grupo nasceram e cresceram em Terras de Miranda (Fonte de Aldeia e Sendim) onde adquiriram conhecimento directo da música que interpretam através do ambiente familiar, do convívio com os velhos gaiteiros, e da consulta de velhas gravações.
Além da tradição musical familiar, os elementos do grupo têm também formação académica na área da música.

Pagina Oficial : http://galandum.co.pt/

Fonte : wikipédia