A localização da Quinta de São Gião, lugar onde se encontra o Templo (Igreja) com o mesmo nome, normalmente passa despercebido ao trajecto das pessoas que visitam a zona da Nazaré, visto que são poucas as indicações existentes. Muito há a fazer pela Quinta de São Gião; é mais um lugar que trará muito turismo à Nazaré. Para tal é necessário restaurar o pequeno templo cristão-visigodo dedicado a São Gião e que ali existe desde 656-665 d.c. O monumento foi nitidamente ‘encaixotado’ treze séculos depois de ter sido construído. O templo foi classificado Monumento Nacional por Decreto do Governo 1/86, de 3 de Janeiro,e têm sido encontrados varios objectos nas escavações efectuadas no lugar: uma estátua de São Sebastião, uma Ara Romana anepígrafa (pedra de altar), um túmulo monolítico, um cipo funerário romano, uma lucerna Moçárabe, moedas desde o reinado de D. Sancho I (1201) entre outros objectos.
Alguns autores datam-na do século X, já que apresenta elementos arquitectónicos e decorativos já influenciados pelo estilo moçárabe. Outros autores, ainda, descrevem o templo como sendo o que resta de um pequeno cenóbio de monges cristãos do período visigótico que se teria mantido em funções durante o período de ocupação muçulmana como local de residência de monges cristãos moçárabes.
Referências antigas a respeito do templo são fornecidas por Frei Bernardo de Brito na sua publicação intitulada Monarchia Lusytana datada de 1597. O autor relata que o Reverendo Frey Francisco de Sancta Clara, Dom Abade Geral da Ordem (de Cister),encarregou-o de averiguar as antiguidades do local.Em relatos mais antigos outros frades, escreveram sobre o templo, dizendo que ficou despovoado devido a uma peste.
O que faz da Igreja de São Gião uma raridade arquitectónica na Península Ibérica é o facto de possuir um anteparo de três aberturas localizado entre a nave e o cruzeiro que servia para separar os acessos às práticas religiosas entre monges e leigos. No seu interior existem varios elementos decorativos: palmetas, rosetas quadrifoliadas, quadrifólios formados por losangos arqueados, Pentafólios inscritos em círculos, Cruzes com braços triangulares e iguais, fiadas de duplos losangos arqueados e inscritos em círculos e faixas rectangulares em espinha de peixe.
Em 1961 o Dr. Eduíno Borges Garcia suspeitou que São Gião era um templo Visigótico, mas não teve apoio para prosseguir a uma investigação detalhada. Posteriormente, e ao longo de alguns anos, o mesmo investigador reuniu provas suficientes para comprovar a suspeita, identificando o templo como monumento visigótico. No entanto a sua classificação como monumento-tipo representativo da liturgia da época visigótica tem sido posta em causa após estudos recentes e com os trabalhos de escavação e de Arqueologia da Arquitectura. Em resultado desses estudos, a igreja foi classificada como um dos poucos exemplares de templos asturianos conhecidos no nosso país, o que a dataria numa época posterior. Carlos Alberto Ferreira de Almeida, por exemplo, defendeu em 1986 esta tese, sustentando-a no facto de se ter recorrido, em termos de construção, a uma entrada de lintel recto sobrepujada por arco de descarga de volta perfeita, como na Igreja de São Pedro de Lourosa, e a existência de uma tribuna ocidental.
O seu orago, S. Gião era particularmente venerado na época visigótica, sendo da especial predilecção desta povoação. Referia ainda a existência de várias lápides com legendas confusas na região inculta em redor do templo, nomeadamente uma, de cuja veracidade se duvida actualmente e da qual se inferia que ali se tinha travado uma importante batalha em que as legiões romanas do cônsul Décio Juno Bruto foram vitoriosas. No cumprimento de um voto pela vitória alcançada, os romanos teriam levantado no local um templo ou altar dos deuses.
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