Um avivar das raizes

Um avivar das raizes

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Castelo de Paderne



O castelo de Paderne foi, no Período Almóada, um pequeno hisn, ou seja, um pequeno povoado fortificado que era o centro de um território rural.
Data do ano de 1189, o primeiro testemunho escrito da sua existência, quando é enumerado entre os castelos islâmicos do Algarve, no texto de um cruzado anónimo que, a caminho da Terra Santa, participou na primeira conquista de Silves. Localiza-se, estrategicamente, no cimo de uma colina de 90 m de altitude que corresponde um meandro bem demarcado do percurso da ribeira de Quarteira. As encostas, NO, SO e SE, adjacentes à muralha, são íngremes, com inclinações bastante acentuadas. Tem um único recinto amuralhado de forma trapezoidal irregular que não ultrapassa um hectare. Possui um único acesso ao interior, defendido por uma torre albarrã de planta quadrangular que se une à muralha através de um adarve (palavra árabe al-darb que significa caminho, ruela. Corresponde a uma plataforma no topo das muralhas, destinada à circulação de pessoas e ao transporte de materiais e armas). A construção em taipa devido à sua versatilidade, qualidade, simplicidade de execução e abundância de matéria prima (terra ou solo), adaptou-se, graças ao aumento da percentagem de cal. A dinastia almóada foi exímia na construção de muralhas em taipa militar. A taipa é uma técnica de construção que se faz por módulos denominados taipais. Quando estava terminado o novo módulo de taipa, recuperava-se o taipal que era recolocado para se acrescentar um novo módulo à fiada que se pretende executar,assim o módulo pronto passava a ser diariamente regado e tapado com uma serapilheira. A secagem da taipa necessitava de ser lenta, afim de evitar a retracção e expansão dos materiais e, o consequente aparecimento de fissuras.

Fonte: www.castelodepaderne.blogspot.com
Agradeço ao blog do Zé pelo texto e o filme

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Capela de São Frutuoso de Montélios




Designação
Capela de São Frutuoso de Montélios / Capela de São Salvador de Montélios

Localização
Portugal, Braga, Braga, Real

Acesso
EN. 201, à saída de Braga em direcção a Ponte de Lima; Lug. da Igreja ou de Montélios

Enquadramento
Rural, adossada à fachada lateral E. da Igreja do Convento de São Francisco (v. PT010303370014), situada em plano mais elevado do que esta. O acesso principal é feito através do interior da igreja. Encontra-se rodeada por pequeno adro, fechado por muro gradeado, apenas com acesso através igreja e da capela. A E. situam-se as ruínas das antigas dependências conventuais e em plano mais baixo a Fonte de Santo António (v. PT010303370063). Na proximidade, a SE., calçada antiga, em lajeado de granito, e a O., a Quinta do Lago (v. PT010303370220) e a Escola Primária de Real (v. PT010303370209).

Descrição
Planta centralizada em cruz grega, exteriormente rectilínea e interiomente com os braços N., S. e E. semicirculares, e braço O. e cruzeiro quadrangular. Volumetria de dominante horizontal, quebrada pela elevação torriforme sobre o cruzeiro. Coberturas em telhados de duas águas nos braços e em quatro águas no cruzeiro. Fachadas em cantaria opus quadratum de granito, com embasamento escalonado, rematadas por cornija sob beiral, precedida por friso em calcário, com decoração de cordas, semicírculos, rosetas de seis pontas e flores de liz. As fachadas dos braços são animadas por arcadas cegas, alternadamente em arco de volta perfeita e arco angular, interrompidas por estreito friso calcário com corda. As fachadas da torre do cruzeiro são percorridas junto à cornija de remate por arcatura lombarda, usando alternadamente duplo arco em ferradura e arco angular, apresentando cada uma das faces pequena janela de iluminação, de duplo arco quebrado, sendo a janela virada a S., mainelada. Fachada principal orientada, adossada à fachada lateral da igreja, com acesso pelo interior da mesma, através de grande arco de volta perfeita, fechado por grade de ferro, com escadaria. Topos dos braços rematados por frontão triangular, apresentando o do braço S., ao centro, porta de verga recta e os dos restantes braços, pequena janela em arco de ferradura. Na face N., do braço E., abre-se arcossólio, onde estariam originalmente os restos mortais de São Frutuoso. INTERIOR com paredes em cantaria aparelhada, com os braços definidos por arcos de volta perfeita, assentes em largas pilastras percorridas superiormente por largo friso com decoração de acantos, com triplas arcadas em ferradura, sendo o arco central de maiores dimensões, assentes em colunas de fuste liso com capitel de decoração igual ao friso das pilastras. Os braços são percorridos a meio da parede por estreito friso de calcário. Cobertura dos braços em madeira, com o travejamento à vista, e do cruzeiro por cúpula semiesférica rebocada e pintada de branco, assente em pendentes que se unem às mísulas dos ângulos. Pavimento em laje de granito com sepulturas com inscrição e pedra de armas.


Época Construção
Séc. 7 / 9 / 10 / 20

Arquitecto Construtor Autor
João de Moura Coutinho e Sousa Lobo (restauro da capela).

Cronologia
C. de 560 - Segundo a tradição, existia naquele local uma villa romana e provávelmente um templo dedicado ao Deus Esculápio; c. de 656 - São Frutuoso, Bispo de Bracara, funda naquele local o Mosteiro de São Salvador, mandando construir a capela, para seu túmulo; na descrição da vida de São Frutuoso, São Valerius menciona que o santo havia fundado um convento "ubi sanctum suum humatum est corpus"; 665 / 666 - morre São Frutuoso; séc. 9 / 10 - reconstrução e redecoração da capela; 883 - segundo documento datado deste ano, a igreja seria consagrada a São Salvador e teria sido construída entre os anos de 656 e 665; séc. 12 - após a Reconquista, com o renascer do ideal neogodo, começa o culto a São Frutuoso; 1102 - o Arcebispo de Santiago de Compostela, D. Diogo Gelmires, leva os restos mortais de São Frutuoso para Compostela; 1523 - o Arcebispo D. Diogo de Sousa funda um convento franciscano da Ordem dos Capuchos da Piedade, junto à Capela de São Frutuoso, destruindo provavelmente, o antigo Mosteiro de São Salvador; 1696 - segundo Frei Manuel de Monforte, na sua Crónica da Província da Piedade, a capela "he em Cruz para todas as partes igual; cujas pontas fazem quatro Capellas, que as paredes fecham em meyo circulo. Huma das Capellas, que podemos chamar o pé da Cruz, serve de entrada onde està a porta; outra que direitamente responde a esta, como cabeça das hastes da Cruz, serve de Capella principal, onde està o Altar mayor; nas outras duas, que ficam nos braços, estam os dous Altares collateraes; & tendo cada huma só dezasete palmos, & meyo de largo, neste tão pequeno espaço tem a Egreja vinte & quatro collunas: quatro naquella primeira entrada da porta, seis em cada Capella collateral, & oito na principal de todas..."; 1728 - por ordem do Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, dá-se início à reconstrução e remodelação da igreja do convento de São Francisco, sendo a Capela de São Frutuoso integrada na igreja e passando a ter acesso principal através do interior desta; é destruida a fachada principal, os baldaquinos internos e respectivas colunas, e são modificados os braços E. e N; 1897 - o Arquitecto Ernesto Korrodi projecta restabelecer a planta original da capela e publica uma pequena nota intítulada "Um Monumento Latino-Bizantino em Portugal"; 1931 - início dos trabalhos de restauro conduzidos por João de Moura Coutinho e Sousa Lobo orientado pela tese de que o monumento teria sido mandado construir por São Frutuoso para sua sepultura no séc. 6, segundo o modelo do mausoléu de Gala Placídia de Ravena.

Tipologia
Arquitectura religiosa, visigótica e moçárabe. Capela funerária de planta centralizada, em cruz grega, exteriormente rectilínea e interiomente com os braços N., S. e E. semicirculares, e braço O. e cruzeiro quadrangular. Fachadas animadas por arcadas cegas, em arcos de volta perfeita e arcos quebrados. Torre do cruzeiro com banda lombarda em arcos de ferradura alternados com arcos quebrados. No interior, os braços são delimitados por triplas arcadas em ferradura, que originalmente, se estenderiam e percorreriam os braços semicirculares. Coberturas em madeira com travejamento à vista, nos braços e cúpula semiesférica no cruzeiro. A primitiva edificação visigótica segue o modelo bizantino da cruz grega, com torre elevada sobre o cruzeiro, idêntico ao mausoléu de Gala Placídia, em Ravena. Segundo alguns autores, os braços de planta semicircular, triplas arcadas, em ferradura e a presença geometrizante das arcadas cegas e da banda lombarda, denotam a influência moçárabe. Utilização de frisos em calcário de Coimbra, contrastando com o granito, com decoração de rosetas de seis pontas, à semelhança do que acontece na Igreja de São Torcato (v. PT010308650017), em Guimarães *2.

Características Particulares
A emblemática Capela de São Frutuoso, continua a ser um enigma para vários autores, mas com a certeza que é um dos raro exemplares visigóticos, que chegaram aos nossos dias, e o único de planta em cruz grega que possivelmente segue o modelo bizantino do mausoleú da Gala Placídia, em Ravena. No interior a decoração dos capitéis das triplas arcadas é igual ao friso que remata as pilastras do cruzeiro.

Dados Técnicos
Estrutura mista.

Materiais
Estrutura e pavimento em cantaria de granito; frisos e capitéis em Pedra de Ançã; colunas de mármore; porta e estrutura da cobertura em madeira de castanho; cúpula em tijolo de burro; cobertura em telha de canudo.

Bibliografia
Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; COUTINHO, João de Moura, São Fructuoso, Braga, 1978; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Arte moçárabe e da Reconquista, in História da Arte em Portugal, vol. 2, Lisboa, 1986, p. 95 - 145; HAUSCHILD, Theodor, Arte visigótica, in História da Arte em Portugal, Lisboa, 1986, vol. 1, p. 149 - 169; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, vol. 2, Lisboa, 1993; IPPAR, www.ippar.pt, 9 Janeiro 2004.

Fonte:www.monumentos.pt

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Creiro





Descrição

Unidade fabril de salga de época romana. A fábrica de salga apresenta planta rectangular, com 13 m de comprimento (direcção ENE-WSW) e 4,6 e 4,8 de largura. Foi completamente murada e possui onze tanques e um pátio que abre para o exterior, a sul. Apresenta uma abertura de 1,4 m no lado sul, servida por soleira formada por dois grandes blocos de calcário conquífero com pequeno degrau frustamente talhado. É admissível acreditar na construção desta fábrica em meados/terceiro quartel do século I d.C.


Período: Romano e Medieval Islâmico

Tipo: Cetária

Distrito/Concelho/Freguesia
: Setúbal/Setúbal/São Lourenço

Base de Dados : http://www.igespar.pt

Agradeço a Ricardo Soares pelas fotos (http://fotoarchaeology.blogspot.com/)

domingo, 15 de agosto de 2010

Os Berrões



O termo "berrão", como se designa o porco inteiro por castrar, foi tomado pelos arqueólogos para designar as estátuas zoomórficas de pedra representando porcos, touros e outros animais.O povo chama berrões (os espanhóis verracos) aos porcos inteiros ou de cobrição.Os arqueólogos tomaram esta palavra como designação geral das estátuas proto-históricas zoomórficas de pedra, representando especialmente porcos e touros.No nordeste de Portugal conhecem-se até agora 49 dessas estátuas, sendo 37 de porcos, 3 de javalis, 7 de touros, 1 de bode e 1 de urso. Dessas 49, são transmontanas 45 e 4 logo a sul do rio Douro perto da fronteira.São quase todas de granito, menos a chamada Berroinha da Açoreira (Moncorvo) que é de talco, e o porco da Fonte de Linhares (Carrazeda de Ansiães), desaparecido, que era de mármore.Apenas 9 se conservam íntegros. Os outros foram mais ou menos mutilados. Alguns são mesmo verdadeiros destroços. As estátuas que se conservam inteiras ou aquelas de que resta a parte traseira têm, quase todas, os caracteres do sexo masculino bem patentes; isto é, são estátuas de machos.De 27 dessas estátuas sabe-se, averiguadamente, que foram encontradas em castros. As outras é bem possível que tenham tido a mesma origem.São exemplos a chamada Porca da Vila, de Bragança, e a célebre Porca de Murça. Note-se que ambas estas estátuas são machos, a primeira representa um urso, e a segunda, embora alguns autores antigos a refiram como urso, a sua morfologia leva-nos a considerá-la mais como porco. Refira-se ainda a titulo de exemplo os 15 berrões do castro do Monte de Sta Luzia (Freixo de Espada-à-Cinta), 13 porcos e 2 touros, alguns muito mutilados. Os 7 berrões das Cabanas (Moncorvo), grandes porcos de granito, encontrados perto da confluência da Ribeira da Vilariça com o rio Sabor. Refira-se o grande berrão de Picote, descoberto em 1952 num recinto de parede circular com cerca de 3 metros de diâmetro, seguido de um corredor de 9 metros de comprido por metro e meio de largura.Especialmente no corredor, na escavação feita em 1952 e 1953, apareceram muitos ossos de boi, de cabra ou ovelha, alguns, poucos, de porco, e menos ainda de coelho.A posição do berrão, a meio do recinto circular, voltado para o corredor, e a natureza dos ossos, considerados restos de comida, levam a crer que naquele monumento era prestado culto ao porco.O achado de Picote, único caso em que o berrão foi achado in loco, permite considerá-lo como um ídolo, ou divindade, a quem se prestaria culto como animal sagrado.Quanto à cronologia e etnologia, passados em revista os pareceres que tem sido formulados por vários autores, poder-se-a considerar a cultura dos berrões como pré-céltica e devida aos Draganos.Algumas conclusões:A quantidade de berrões, no nordeste do nosso país, nada menos de 49, a monumentalidade de alguns, com 2 metros de comprimento, e, por outro lado, a pequenez de outros, verdadeiras estatuetas votivas, levam, imediatamente, a pensar que tais berrões, grandes e pequenos, constituem claras manifestações de um velho culto zoolátrico, no qual certos animais eram considerados sagrados, possuindo, seguramente, mágico poder tutelar.Ao observar as estatuas de pedra de que nos ocupamos, algumas pequenas e outras reproduzindo em tamanho natural porcos, javalis, touros e ursos, imediatamente ocorre que algo de importante e muito ponderoso deve ter influenciado a modelação de tais estátuas.A veneração e consequente adoração dos animais deve ter começado naturalmente, por uma atitude de reconhecido agradecimento do homem pelos benefícios por eles prodigializados.O culto por certos animais é possível seja reminiscência de velho totemismo. No que respeita aos porcos de pedra de Trás-os-Montes não me parece hipótese a considerar.Tótem, como é bem sabido, é a coisa, ser vivo animal ou planta, região ou acidente geográfico, porção de matéria inanimada ou entidade astral, que é considerada como o tronco inicial, remoto, de um grupo de homens, o grupo totémico.O tótem, em primeiro lugar, é pois o antepassado do grupo, em segundo lugar é o seu espírito protector, o seu benfeitor, que envia oráculos e, mesmo quando é perigoso para os outros, conhece e poupa os seus filhos.As pessoas de determinado tótem, respeitam-no e tem para com ele deveres e obrigações sagradas, cuja violação acarreta castigo eminente.Tais obrigações exigem respeito formal e categórico pelo tótem o que implica não o molestar, não lhe causar o menor dano, e muito menos matá-lo. Consequentemente é rígido tabu comer a sua carne.Parece mais lógico admitir que o culto das gentes por certos animais, porco, touro e bode ou cabra, o seja como reflexo de reconhecimento e gratidão pelos benefícios e proveitos recebidos.Ora o porco, animal de fácil criação em domesticidade estabular ou em regime de pastoreio, à vezeira, é, sem dúvida, ainda hoje, o animal mais prestadio da culinária transmontana.A carne de porco, quer fresca, nas febras, nos rijões e no lombo assado, quer curada nas linguiças, nos salsichões e nos presuntos, é altamente apreciada. A superioridade culinária da mesma é celebrada pelo povo de Trás-os-Montes quando afirma: "Das carnes o carneiro, das aves a perdiz, e, sobretudo a codorniz, mas se o porco voara não havia carne que lhe chegara".O achado do grande berrão de Picote, de pé, a meio da câmara circular do monumento em forma de palmatória, câmara seguida de um corredor cuja escavação forneceu numerosos fragmentos de animais vários e também pedaços de louça de barro, vasos e pratos, encontrados especialmente no corredor, atesta, sem a menor dúvida, que aquele porco se pode considerar um ídolo, ao qual se prestaria culto em cerimónias rituais com deposição de oferendas.O notável achado de Picote, infelizmente destruído, atesta, seguramente, a existência de um velho culto prestado ao porco.Pelo conjunto de circunstância daquele achado pode concluir-se que o monumento de Picote era, como que um templo, em que se prestava o culto ao porco divinizado.Suponho não ser ousado atribuir significado zoolátrico às estátuas dos berrões, muitas delas averiguadamente originárias dos nossos castros transmontanos, pelo que se poderá generalizar a mesma origem a todos os berrões, e, daí, tal zoolatria ser de origem essencialmente originária daquela zona castreja transmontana.Com os elementos de que actualmente dispomos não se pode dizer que tal culto estaria ligado só à defesa dos gados e à magia dos pastos e da reprodução, como queria Cabré em face dos exemplares de touros que encontrou nas Cojotas, num recinto de encerramento de gados.
Este distinto arqueólogo espanhol afirmou não lhe restarem dúvidas quanto a tais berrões corresponderem a culto de magia protectora dos gados. Tais estátuas teriam a finalidade de esconjurar calamidades, roubos, doenças e outros malefícios a que estão sujeitos os animais das manadas ou rebanhos.Esta hipótese de significado exclusivamente ganadeiro tem, desde já, um argumento contra: é a interpretação de uma das legendas em caracteres ibéricos gravada num dos verracos de las Cojotas, que foi traduzida assim: "Deus porco bravo protector da cidade de Adoja" .Nesta leitura, que poderá, no entanto, considerar-se hipotética, há um sentido lato de deus protector da cidade.Porque havemos de restringir a sua acção protectora só aos gados e não considerar a sua influência tutelar extensiva às gentes, suas pessoas e casas, a todos os seus haveres e, consequentemente também aos seus gados?O facto de esculpir em granito rude as estátuas zoomórficas dos berrões, alguns de proporções avantajadas, pois chegam a atingir os dois metros de comprimento, deve corresponder a uma intenção séria e reflecte, seguramente, um estado de espírito da colectividade, coordenador dos esforços conducentes ao arranque, desbaste, e modelação da pedra em estátuas, a que se seguiria o seu transporte e assentamento dentro do recinto muralhado do castro. E já não aludo ao monumento no género do de castro do Poio de Picote, de câmara circular e corredor, que talvez tivesse réplicas para instalação dos berrões que, averiguadamente, tem sido achados em castros.






quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Anta da Cunha Baixa




Anta de corredor com câmara poligonal do período Neo-Calcolítico, desprovida de mamoa. É coberto por amplo e espesso chapéu rectangular, com 4,5m de diâmetro. O corredor, muito longo, compõem-se de oito esteios de cada lado, consolidados, e de forma rectangular, havendo também alguns trapezóidais e triângulares na câmara. A meio do corredor surge outro chapéu, um pouco menor que o primeiro. O pavimento é regular, composto por pequenas lages graníticas. Alguns dos esteios apresentam gravuras, vestígios de traços e de fossetes, e foi recolhido espólio de características semelhantes ao descoberto na escavação de Leite de Vasconcelos.

http://www.igespar.pt/

domingo, 8 de agosto de 2010

Castro de Monte Mozinho



Descrição

Povoado fortificado, com uma área de 20 ha intramuros, defendido por 4 linhas de muralhas que circundam o povoado. Apresentam uma espessura máxima de c. de 3,5 m junto às portas, sendo estas existentes nas linhas defensivas interiores. O povoado está estruturado por 1 arruamento principal orientado N. - S. articulado com outros arruamentos transversais, em alinhamentos predominantemente ortogonais, que lhe conferem uma planta de tipo regular. As intervenções realizadas permitiram exumar construções de planta circular, com ou sem vestíbulo e de planta quadrangular, sendo as estruturas habitacionais integradas por várias destas construções, enquadradas pelos arruamentos e definidas por um muro, formando um quarteirão. Na plataforma superior do povoado encontra-se um vasto recinto elipsoidal, definido por uma muralha, não apresentando qualquer outro vestígio construtivo, podendo ter servido como espaço público de características indeterminadas. Junto da porta da muralha superior e do arruamento principal, com acesso por este através de uma rampa em cotovelo, encontra-se um possível templo constituído por uma cella quadrangular assente num ligeiro podium com entrada pelo lado maior e apresentando o espaço frontal lajeado e estando ladeado por outras construções de planta rectangular. Na plataforma exterior à terceira muralha encontra-se um possível monumento funerário, muito arruinado, apresentando um alicerce de bom aparelho, havendo no centro uma cavidade rectangular perfeita, conservando ainda algumas pedras com moldura, devendo tratar-se de um mausoléu turriforme com colunas e esculturas, elementos que se encontraram em seu redor. A NO junto à muralha exterior detectou-se uma necrópole constituída por caixas sepulcrais estruturadas com pequenas pedras, cobertas por ardósia, apresentando duas sepulturas, em nível inferior ao da cobertura uma espécie de prateleira onde estava depositado recipientes cerâmicos.

Tipologia

Povoado fortificado proto-histórico, com planta tipo regular, estruturado por um arruamento principal articulado com outros transversais, circundado por quatro linhas de muralhas, e revelando vestígios de ocupação em época romana e medieval.
Fotos :Google




sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Mosteiro de Santa Maria das Júnias






O Mosteiro de Santa Maria das Júnias é um Mosteiro português localizado nos arredores de Pitões das Júnias freguesia de Pitões das Júnias, concelho de Montalegre e Distrito de Vila Real. O Mosteiro de Santa Maria das Júnias foi classificado como Monumento Nacional pelo Dec. 37728 de 5 de Janeiro 1950. Este convento teve origem num antigo eremitério de origem pré-românica que foi fundado no Século IX e cuja implantação obedeceu a critérios de isolamento, o que explica o seu grandioso fundo paisagístico. Encontra-se num vale estreito, de difícil acesso e longe dos caminhos e de lugares habitados. Em contraste com outros cenóbios do Norte de Portugal, que no geral são possuidores de produtivos coutos, esta primeira comunidade de monges das Júnias dependia da pastorícia, facto que acentuou bastante o seu carácter humilde e ascético. Este mosteiro e o templo anexo foram erguidos numa data tão antiga que antecede a fundação da nacionalidade portuguesa, durante a primeira metade do século XII. No principio foi ocupado por monges beneditinos, o mosteiro passou, em meados do século XIII, a seguir a Regra de Cister, ficado agregado à Abadia de Osseira, na Galiza. No inicio do século XIV, foi submetido a obras de manutenção e melhoramento em que se destaca a construção do claustro e a ampliação da capela-mor. Ao longo dos séculos, este mosteiro foi enriquecendo com a obtenção de terras na região do Barroso e na Galiza. No início da Idade Moderna foram realizadas obras de elevação de algumas dependências do convento e da capela-mor do templo, entretanto destruídas pelo assoreamento provocado pelo ribeiro que corre junto à cabeceira do mesmo. Na primeira metade do século XVIII, a igreja foi restaurada, a nível do emadeiramento e do lajeamento, e redecorada com retábulos em talha dourada. A partir de meados de setecentos, este convento começou a entrar em decadência e acabou por perder monges e rendimentos. No ano de 1834, foi, como todos os outros, extinto, passando o seu último monge a exercer a função de pároco de Pitões. Na segunda metade do século XIX, um devastador incêndio levou à ruína muitas das dependências conventuais. No ano de 1986 a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais levou a efeito obras de recuperação e melhoramento. Em 1994 e 1995, o Parque Nacional da Peneda-Gerês promoveu uma intervenção arqueológica no claustro e na cozinha conventuais. Este mosteiro apresenta-se organizado segundo uma planta trapezoidal, encontrando-se a igreja implantada a norte a as dependências conventuais ao sul. O templo tem de nave única e uma capela-mor que é a estrutura mais bem conservada do cenóbio. Na frontaria, românica rematada por uma empena truncada por um campanário setecentista de dois olhais, abre-se um belo portal de arco perfeito, com uma primeira arquivolta lisa e uma segunda, exterior, adornada com lancetas, por sua vez envolvida por um friso com decoração geométrica. Os ábacos do arco foram decorados por motivos cordiformes, enquanto o tímpano apresenta, ao nível inferior, um dintel decorado com flores estilizadas cruciformes e, por cima deste, uma cruz de Malta vazada, enquadrada por perfurações circulares dispostas em triângulo. Nas paredes laterais da nave, rasgam-se dois portais simples, de tímpanos vazados por Cruzes de Malta, semelhantes entre si, sendo rematadas por friso e cornija moldurada e percorridos, a meia parede, por um friso adornado com motivos geométricos, sob o qual se projectam mísuias, também estas enfeitadas por elementos geometrizantes. A janela axial da ousia mostra a sobreposição do estilo gótico ao românico inicial. Numa janela lateral da ousia, voltada a norte, uma curiosa estátua jacente de um monge é interpretada pela população como sendo o marco da cota máxima transbordos do rio ao longo dos séculos. No interior conserva-se um friso ornamentado que percorre a nave à altura das janelas, O arco triunfal, de duas arquivoltas lisas apoiadas em ábacos boleados, é enquadrado por dois retábulos de talha. Na capela-mor, dispõe-se um retâbulo-mor com uma elaborada composição em talha. As divisões do convento, em grande desmoronadas, compreendem dois corpos, O primeiro paralelo ao riacho, era o dormitório dos monges. O segundo corpo, que se encontra perpendicular ao primeiro, era onde se localizava a cozinha, que ainda mantém a sua chaminé piramidal. Do claustro românico só se conservam três arcos da galeria encostada à igreja. De volta perfeita, assentam em capitéis com decoração fitomórfica. À igreja deste convento acontece uma romaria em 15 de Agosto de cada ano a que acorre gente de Pitões das Júnias e de povoações vizinhas.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Villa Romana de Pisões




O sítio arqueológico da villa romana de Pisões situa-se na Herdade da Almagrassa, a cerca de 10 km a Sudoeste da cidade de Beja.
Acidentalmente descoberta em 1967 durante trabalhos agrícolas, deu-se de imediato início à sua investigação arqueológica, sendo classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP), logo em 1970.
Ocupada no período romano entre os séculos I a.C. e IV d.C., principalmente devido à riqueza cinegética da região, viabilizadora de uma acentuada exploração agrícola, pecuária e mineira, cujos produtos se destinariam ao abastecimento de diversos mercados, a villa encontra-se parcialmente escavada, sobretudo a área residencial dos proprietários. Esta habitação com mais de quarenta divisões centradas num peristilo, era acessível por um longo corredor. Os compartimentos eram essencialmente caracterizados pela sua riqueza decorativa, com especial destaque para os da denominada pars urbana, cuja fachada porticada virada a sul abriria para um tanque de consideráveis dimensões, o natatio.
A proximidade da barragem de Pisões, em articulação com o conjunto edificado da villa, teria como principal finalidade abastecer de água os tanques, piscina e termas, de apreciáveis dimensões, existentes nesta propriedade.
Na verdade, o edifício termal constituí um dos mais relevantes exemplares de termas privadas romanas encontrados no nosso território, tendo sido construído em duas fases que possibilitaram a edificação de todas as estruturas inerentes a este tipo de conjunto : o apodyterium, onde os frequentadores se untavam e praticavam exercícios físicos ; o laconicum(sauna) ; o strigilus, onde procediam à raspagem da gordura dos seus corpos ; o alveus do caldarium, onde tomavam banho num tanque de água quente, e, finalmente, as zonas do tepidarium e do frigidarium.
A par da pars urbana, encontravam-se a pars rustica e a pars fructuaria, abrangendo as estruturas habitacionais dos serviçais, armazéns, lagares, celeiros e áreas de transformação dos produtos agrícolas e frutíferos.
No entanto, este sítio arqueológico será, provavelmente, mais conhecido por todo um conjunto de mosaicos, verdadeiramente assinalável no panorama nacional, quer pelo eclectismo e riqueza da sua iconologia, apresentando composições geométricas e naturalistas, como pela qualidade da sua execução, desde os mais antigos, monocromáticos, até aos mais recentes, já policromados.

São Pedro de Rates





São Pedro de Rates é uma vila histórica com cerca de 2500 habitantes. O topónimo e a localidade de Rates (do termo Ratis) parece ser anterior à romanização.
Rates desenvolveu-se graças ao mosteiro fundado pelo Conde D. Henrique em 1100. É uma paróquia antiga referida no século XI com o título "De Sancto Petro de Ratis".
No ínicio do século XVI, o mosteiro desorganizou-se o que levou a que em 1517 tenha sido extinto e transformado em Comenda da Ordem de Cristo. O primeiro titular da Comenda foi Tomé de Sousa, natural desta terra e primeiro governador-geral do Brasil, a ele se segue uma longa lista de comendadores e comendadeiras. Não se conhece foral velho, mas era já concelho no século XIII. Em 1517, o rei D. Manuel I renova o foral ao Couto da Vila e ao Mosteiro.
Com as reformas liberais, o concelho é extinto em 1836 e passa a integrar o concelho da Póvoa de Varzim. Era constituído apenas pela freguesia da sede e tinha, em 1801, 709 habitantes. Em lembrança desse passado municipal, ainda hoje subsiste a Casa dos Paços do Concelho (1755) e o Pelourinho (século XVI).
Em 1993, é restaurado o estatuto de vila, sob o nome de São Pedro de Rates, essencialmente por motivos históricos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Idanha-a-Velha a antiga Egitânia




Idanha-a-Velha pequena aldeia de ambiente pitoresco, pelo notável conjunto de ruínas que conserva. ocupa um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas do País. Ergue-se no espaço onde outrora existiu uma cidade de fundação romana (séc. I a.C.), inserida no território da Civitas Igaeditanorum, tendo sido, mais tarde, município romano. Uma inscrição datada do ano 16 a.C., onde consta que Quintus lallius, cidadão da Emerita Augusta (Mérida) "deu de boa vontade um relógio de sol aos Igeditanos", testemunha a existência no núcleo urbano nesse momento cronológico. Em 105, a povoação aparece referida numa inscrição da monumental ponte de Alcântara - importante obra de engenharia romana - como um dos municípios que contribuíram para a sua construção. Diversos vestígios evidenciam, ainda hoje, essa permanência civilizacional: entre outros, o podium de um templo no qual assenta a Torre dos Templários; a Porta Norte e respectiva muralha; um conjunto excepcional de lápides funerárias e variado espólio disperso.

A povoação conheceu no período visigótico, sob o nome da Egitânea, momentos áureos de desenvolvimento, tendo sido sede de diocese desde 599 e centro de cunhagem de moeda em ouro (trientes). São testemunhos materiais desse período, o Baptistério e ruínas anexas do "Palácio dos Bispos" e a designada "Sé-Catedral", esta com profundas alterações arquitectónicas posteriores.

Os Árabes ocuparam a cidade até à sua tomada por D. Afonso III, Rei de Leão, durante a reconquista , fazia já parte integrante do Condado Portucalense aquando da fundação de Portugal. Mais tarde D. Afonso Henriques entregou-a aos Templários. Em 1229 D. Sancho II deu-lhe foral. D. Dinis incluiu-a na Ordem de Cristo - 1319 -, seguindo-se outras tentativas de repovoamento. D. Manuel I, em 1510, institui-lhe novo foral de que o Pelourinho [11] ainda é testemunho. Em 1762 figurava como vila, na comarca de Castelo Branco; em 1811, ficava anexa a Idanha-a-Nova; em 1821 tornava-se de um pequeno concelho, extinto em 1836. Intencionalmente, e ao longo dos séculos, pretendeu-se reorganizar todo o espaço urbano, revitalizando-o no domínio social, económico, politico e cultural. Porém o seu percurso histórico, de desertificação, estava traçado. Hoje, Idanha-a-Velha (Monumento Nacional), surge renovada. Uma Aldeia Histórica criteriosamente adaptada para os que aqui residem e para os que a visitam.


Fontes : http://www.portugalvirtual.pt
Fotos : Google Imagens
Video : Autoria do blog

domingo, 1 de agosto de 2010

Forte de Almadena












O Forte de São Luís de Almádena data do ano 1632, do reinado de Filipe III.Foi mandada construir esta importante fortaleza por D. Luís da Sousa, Conde do Prado, Capitão General do Algarve, então Governador do Reino do Algarve. Muito contribuiu para a sua construção o napolitano ao serviço de Portugal Alexandre Massay por carta régia de 30 de Julho de 1619, não se chegando a sua concretização por este ter adoecido.No Museu Municipal de Lagos encontra-se uma lápide proveniente desta fortaleza com os seguintes dizeres:«Reinando Felipe III governando este Reino D. Luís de Sousa, Conde do Prado fez a sua custa esta fortaleza dedicada a S. Luís. Confessor era de 1632».Dispunha este forte em 1754 de três peças de artilharia activas, duas de bronze de calibre 16, uma de ferro de calibre 6 e uma de ferro inoperante. (C. P. Callixto). Tinha o quartel quatro a seis soldados.O terramoto de 1 de Novembro de 1755 não causou estragos consideráveis sendo, segundo informações do Pároco de Budens (1758), de apenas 80.000 réis a quantia para a reparação. Tem este forte uma área de 10 250 m2.Desde 1849, altura da retirada dos soldados do Regimento 15, a fortaleza de S. Luís tem estado ao abandono.Julga-se, embora sem convicção, que este forte esta construído sobre um templo romano e uma mesquita muçulmana.Tem sofrido alguns pequenos restauros, por parte de Mr Herbert Hoesen da Quinta da Fortaleza.

António S.M.Farraia /Mª da Conceição S. Farraia – BUDENS - Concelho de Vila do Bispo - Subsídios para a sua História - Algarve em Foco editora - 1993